quarta-feira, 31 de julho de 2013

quarta-feira, 24 de julho de 2013

A maior batalha da economia: Homo Economicus x Homo Neuroeconomicus

No decorrer da existência da economia enquanto ciência, os modelos analíticos foram baseados em um ser representativo do comportamento das pessoas no mundo econômico. Da parte dos economistas ortodoxos, inventou-se o homo economicus. Nos dias atuais, a Neuroeconomia apresenta ao mundo o homo neuroeconomicus.

O homo economicus é um ser advindo da capacidade do homem em tomar decisões econômicas baseados na racionalidade; em outros termos, o homem que maximizará ganhos e minimizará perdas. O homo neuroeconomicus, é baseado na capacidade limitada dos indivíduos em tomar decisões econômicas que venham a otimizar os resultados para si. Este modelo indica que as pessoas, na maioria, tomam decisões com base em informações incompletas, o que gera um viés cognitivo impedindo - como sugere a ideia de homo economicus - decisões que otimizem resultados. Ao contrário, a proposta do homo neuroeconomicus indica que emoções e outros sentimentos invadem a vida econômica assim como a vida pessoal, e que emoções e sentimentos diversos influem significativamente na tomada de decisão.

Fonte: Chavaglia (2012)

Aliado ao fator emocional, outro fator que diferencia o homo economicus do homo neuroeconomicus é a capacidade do cérebro de processar informações recebidas pela visão – a percepção também é parte do viés decisional gerado na hora da decisão referente à ótica econômica. Em síntese, o cérebro é preguiçoso ao interpretar informações repetidas, pois, a cada acréscimo daquela mesma informação, menos energia utilizará para tentar entender tal informação. Assim, a maneira como o indivíduo aprendeu a interpretar as coisas do meio em que vive é fundamental para a tomada de decisão. Isso fica evidente quando se analisa vários momentos em que as pessoas deixam de ganhar na vida econômica em razão de uma atitude deletéria relativa à otimização de seus resultados.

Resumindo, alguns efeitos afetam a forma como as pessoas interagem com outras nos momentos de decisão. Isso gera efeitos como, por exemplo, de contexto, ancoragem, equidade, confiança ou desconfiança, força do carácter, ilusões etc.

Talvez a maior crítica feita ao homo economicus seja a incapacidade, apesar de muito elegante, de explicar como os agentes econômicos realmente agem nos mercados. E a principal crítica ao homo neuroeconomicus é o fato de ser um conceito novo, precisando, portanto, passar por testes para que seja amplamente aceito nas atividades econômicas e acadêmicas. Isso acontecerá com a utilização deste conceito ao longo do tempo.

O que se pode evidenciar diante da existência desses dois seres representativos de duas ideias bastante distintas acerca dos indivíduos é o processo de tomada de decisão. É que um representa a modelação do homem como ele deveria agir em momentos econômicos e o outro representa o homem como ele realmente é nessas situações. 

A neuroeconomia e o setor elétrico

O setor elétrico, assim como todos os setores da economia, é formado por tomadores de decisões. Os tomadores de decisões são pessoas, logo a Neuroeconomia, que estuda o cérebro das pessoas em situações econômicas poderá representar a melhor forma de estudar o processo de tomada de decisão.

Evidentemente a tomada de decisão nessa área da economia consigna eventuais externalidades negativas de grande magnitude e não pode ser comparada com decisões como as que as pessoas tomam no quotidiano, como a compra de um par de sapatos ou de um carro. As decisões relativas ao modal de energia, por exemplo, podem impactar diretamente de forma significativa no futuro socioeconômico de uma comunidade. Portanto, são decisões que afetam muitas pessoas e o meio ambiente como um todo.

Mas graças à evolução e ao instinto de defesa que desenvolvemos ao longo do processo de evolução enquanto espécie, não sentimos a mesma preocupação quando decidimos para terceiros. Quando decidimos para nós mesmos, os sentidos e os efeitos decorrentes dos sentimentos de emoção e todos os demais processos cerebrais, entre eles o sistema automático derivado dos núcleos do cérebro, são ativados de forma muito mais intensa comparativamente com quando uma decisão é tomada, envolvendo terceiros ou envolvendo-nos de forma mais relativa e menos direta. 

Há, contudo, um fator preocupante relativo ao viés existente na capacidade de os agentes econômicos serem racionais, mesmo envolvendo terceiros no processo. Como relatado anteriormente, tal fato deriva do processo de evolução humana, pois o cérebro humano evoluiu vagarosamente nos últimos anos enquanto a cultura moderna muda a cada instante. Portanto, seria impossível para o cérebro acompanhar o volume e o formato das decisões atuais. Afinal, este órgão ainda é produzido para responder a questões da antiguidade na “savana africana”. Desta forma, decisões como as relativas a problemas como “inundar ou não uma área de 3.000 metros”; “investir bilhões em qual modal de energia”; “quais as políticas sociais que melhor se enquadram para o consumo e para a produção de energia”; entre outras questões, resultam em decisões que parecem ser particularmente mais complexas. Entretanto, o cérebro resolve essas questões de forma tão eficiente quanto na hora de escolher um par de tênis.

Portanto, problemas relativos à tomada de decisão existem e são complexos. Tendo isso como pano de fundo e o problema da conservação do meio ambiente, deve-se tentar entender o processo e depois, com o suporte das técnicas neuroeconômicas, procurar entender o próprio mercado das energias renováveis brasileiro, tendo em vista a obtenção de resultados que resultem em danos relativamente mais baixos para o ambiente, a economia e para a sociedade de uma forma geral.

Neuromarketing: Como criar mensagens poderosas para vender pelo email

Não tem jeito, o email passou a fazer parte do nosso dia-a-dia no trabalho. E não adianta iludir, essa ferramenta deve receber atenção, pois um email mal planejado pode comprometer toda uma venda. Por isso, aqui estão apresentadas algumas boas orientações oferecidas pelo neuromarketing para o envio eficaz de mensagens comerciais por email.

O primeiro passo é saber que profissionais têm pouco tempo para ler mensagens eletrônicas. Depois, é preciso fazer a mensagem chegar ao cliente. Entretanto, o grande desafio é fazer com que o cliente pare, leia o anúncio, recorde mais tarde e, por fim, compre o produto ou contrate o serviço. Portanto, o email é um instrumento capaz de alavancar as vendas da empresa. 

No fim das contas as campanhas por email representam um custo para as empresas e sua eficácia é contestável. Neste contexto o profissional tem duas opções. Continuar com suas campanhas ineficazes e caras ou dedicar algum tempo para estudar o neuromarketing e aprender a criar mensagens fortes o suficiente para atrair o cliente e fazer com que ele compre a sua solução e não a da concorrência.

Descubra o que preocupa o cliente 
O primeiro passo é identificar o perfil das pessoas para quem será enviada a mensagem. Vale aqui pesquisar na internet, conversar com pessoas que conheçam esse público, analisar redes sociais, por exemplo. Normalmente os clientes apresentam três tipos de preocupação: financeiras, estratégicas e pessoais.

Um erro recorrente que muitos profissionais cometem é o de não personalizar a mensagem, muito comum nos emails de marketing. Infelizmente, para uma comunicação de alto impacto, é essencial a personalização. Entretanto, é possível criar campanhas mais eficazes do que as baseadas no modelo de comunicação criado a partir de conceitos tradicionais. O cérebro é egocêntrico, por isso, ele presta mais atenção em informações que lhe dizem respeito. Portanto o envio de uma mensagem pontual sobre as preocupações do cliente é fator importante para atrair a atenção. 

Demonstre que o produto é único
Nessa altura o cliente já abriu a sua mensagem e está lendo. Dessa forma, para que ele não deixe de dar atenção, é essencial explicar muito bem a razão pela qual você considera que o seu produto seja único no mercado. Ao invés de colocar: “somos uma das melhores empresas de fornecimento de software para vendas”. Coloque: “Somos fornecedores exclusivos do poderoso e dinâmico software de vendas 2pi”, por exemplo. Isso serve para dar ao cérebro o estímulo ao seu egocentrismo. Nestes casos, pergunte-se: O que a minha proposta tem que os dos concorrentes não têm? 

Demonstre o ganho
Para demonstrar o ganho que o cliente terá ao optar pelo seu produto, é necessário continuar a enfatizar as vantagens exclusivas que o produto ou serviço pode gerar. Além disso, agora é preciso provar ao cliente que suas afirmações são verdadeiras. Isso porque o cérebro só decide quando as regiões cerebrais relativas ao medo não estão ativadas. E para que isso aconteça é fundamental, além de falar dos ganhos, demonstrá-los ao cliente.

Gere o estímulo (impulso)
Os núcleos cerebrais são os reais tomadores de decisão. Portanto, é necessário gerar estímulos diretos a essas regiões decisoras. Assim, atenção redobrada ao conteúdo visual da mensagem. O cliente tem que reagir de forma instintiva. No caso de produtos virtuais, ebooks, videos, músicas, entre outros. Um bom procedimento é deixar que o cliente experimente o produto. 

O primeiro preço a gente nunca esquece

Para efeito de exemplificação, imagine alguém que se dirige a uma concessionária de veículos para comprar seu primeiro carro. Essa pessoa chega ao estande de carros populares e, no momento em que pergunta o valor de determinado carro, esse preço será percebido com a memória de trabalho e depois ele será gravado na memória de longo prazo, criando o efeito de ancoragem por muitos anos seguintes. Sempre que esse consumidor voltar à concessionária para comprar o mesmo tipo de carro, sua memória de longo prazo lhe lembrará do preço âncora proposto na primeira compra: eis o efeito de ancoragem. 

O cérebro armazena as informações por um breve período (memória de trabalho) e depois separa e apaga o que não considera importante. Dessa forma, a ancoragem ocorre no sentido de que o preço-base ou sugerido pelo varejo será de tal forma percebido na mente daquele consumidor, que influenciará todas as suas compras futuras daquele produto.

O que realmente importa na situação de ancoragem no consumo é a forma como um número influi nas decisões das pessoas, ou seja, se uma pessoa, ou um grupo de pessoas é exposto a uma informação qualquer acerca da precificação de um produto, ela será influenciada a ponto de se basear neste preço-âncora como parâmetro para suas decisões de compra de determinado produto. O número sugerido só poderá ser considerado uma âncora se a pessoa estiver interessada na compra do produto. 

Para verificar a existência do efeito de ancoragem no mercado, o professor da Fundação Getúlio Vargas, José Chavaglia Neto, verificou o comportamento dos estudantes MBA diante de uma situação de tomada de decisão de compra – o 300 pessoas que pertencem a essa população específica foram entrevistadas.

O experimento foi realizado da seguinte forma: um folheto com a imagem de uma marca famosa de chocolate era apresentado a alguns alunos de cursos de gestão de empresas. “Perguntamos a eles se pagariam um valor igual aos dois últimos números do seu R.G. (documento de identidade). Em um segundo momento, separamos os alunos que responderam sim e perguntamos qual seria o valor máximo que pagariam pelo chocolate”, explica José Chavaglia.

Os alunos que tinham os dois últimos dígitos do número da identidade maiores do que 50 dispuseram-se a pagar em média R$ 25,00 pelo chocolate; já aqueles estudantes que apresentaram os dois últimos dígitos do número de identidade menor ou igual a 50 obtiveram um valor máximo de compra de R$ 16,00. 

Este resultado indica que os alunos foram fortemente influenciados pelo valor dos dois últimos dígitos do número de identidade, confirmando a existência do fator de ancoragem na determinação dos valores máximos de pagamento pelo chocolate. Ou seja, as pessoas que formaram uma âncora acima de cinqüenta se dispuseram a pagar mais pelo chocolate, enquanto que as pessoas que formaram uma ancoragem menor do que cinquenta demonstraram estar propensas a pagar menos pelo chocolate. 

Os tipos de profissionais segundo a lógica da inovação

Uma inovação sempre foi e sempre será um processo cerebral, que envolve questões genéticas e meméticas e que se desenha de forma única em cada pessoa. Sendo assim, em uma organização é comum encontrar vários tipos de profissionais segundo os preceitos da neuroinovação.
É interessante lembrar que a maioria dos profissionais se considera um profissional inovador. Em pesquisa realizada com os gestores da classe A da cidade de Ribeirão Preto-SP, constatou-se que de um total de 51 entrevistados, sendo 40 homens e 11 mulheres, 82% disseram ser profissionais inovadores e apenas 18% disseram que não se consideram inovadores.
Apesar de todos se considerarem inovadores, a verdade é que o grupo dos inovadores é bem restrito e suas habilidades não são convencionais considerando o mundo da administração clássica. São habilidades salientadas por meio de testes neurocientíficos e não por meio do raciocínio lógico.
Existem muitos tipos de profissionais e existem também inúmeras formas de classificação de profissionais no mercado de trabalho. Aqui estão apresentados os profissionais seguindo a lógica da inovação. Esta classificação é baseada no tripé da neuroinovação: percepção, controle do medo e inteligência social. Portanto, parte-se do pressuposto de que quanto mais um profissional obtém um sinal positivo em determinada habilidade mais ele se aproxima do profissional inovador de valor
Matriz do profissional inovador
Fonte: autor


-Profissional nota 10 - este arquétipo de profissional se destaca por saber controlar o medo e por ter inteligência social positiva, entretanto não tem a capacidade mais importante para um inovador, que é a capacidade de encarar o mundo de maneira diferente das pessoas comuns e assim gerar oportunidade para a inovação.
-Senhor Networking - este profissional impressiona pela elevada inteligência social, mas é fraco ou negativo no assunto referente à percepção, pois não consegue enxergar oportunidades de inovação e também é fraco no controle do medo.
-Persistente - este arquétipo não tem medo de encarar os desafios profissionais, mas não consegue perceber as coisas como um inovador e também não tem inteligência social para desencadear a aceitação do seu produto ou serviço.
-Espartano - este se aproxima de um inovador de valor, pois consegue enxergar o mundo de forma diferente das pessoas comuns, enfrenta o medo, mas não sabe como se relacionar socialmente para fazer pegar seus produtos e ideias de uma forma geral.
-Entusiasta - o entusiasta empolga todo mundo ao seu lado, pois detém inteligência social positiva, percebe coisas que “ninguém mais” consegue perceber, contudo não é capaz de enfrentar o medo de se expor para mostrar os resultados de suas ideias inovadoras.
-Inovador de valor - por fim o arquétipo do inovador de valor, que percebe, de forma diferente, pois vê aquilo que ninguém vê. Não tem medo do perigo comercial e nem físico na hora de expor suas ideias e produtos. Além disso, consegue fazer com que pessoas influentes desejem suas ideias. O inovador de valor é o objetivo final do esforço da neuroinovação. Ele é, portanto, o resultado final de um processo de desenvolvimento baseado na neurociência, visando buscar a geração de inovações no mercado, gerando ganhos de valor para o profissional e para a empresa.
A criação de produtos e serviços interessantes para os consumidores é algo possível para os inovadores de valor. Isto é, criar produtos que propiciem aos consumidores uma experiência única com um produto ou serviço específico ofertado no mercado.
Os profissionais estão sujeitos às influências externas, mesmo existindo o fator genético como potencializador do comportamento econômico. Isso permite que se possa treinar profissionais para o aprimoramento de habilidades para a inovação, permitindo às empresas ganhar “mais valor” no mercado, permitindo-lhes ficar, mesmo que durante um curto período, sozinhas no mercado, apoderando-se de toda a riqueza que uma inovação pode gerar por meio de vantagens competitivas.
A inovação é um processo cerebral que se baseia em três premissas: perceber de forma diferente as coisas do mundo, controlar o medo e desenvolver inteligência social, para que as invenções ganhem o mercado, se tornando por fim, uma inovação.
Novas técnicas derivadas das descobertas da neurociência tendem a modificar drasticamente a forma como os profissionais contemporâneos estão acostumados a tomar decisões. Isso se reflete na estratégia empresarial. Desta forma, um sistema que abranja as reais decisões dos agentes e a estratégia empresarial em si. Dai a importância do SNE (Sistema de Neuroinovação Empresarial). Sendo este sistema a única forma de associação entre o processo cerebral de geração de inovações e a estratégia empresarial.
Entretanto, bem mais que uma revolução, a neuroinovação é a continuação de um processo histórico que vem desde o surgimento da espécie humana até os dias atuais, que consiste na procura sistemática por formas melhores de construir produtos e serviços na economia.
Referências
ANDREW, J. P.; SIRKIN, H. Payback: como conquistar o retorno financeiro da inovação. Lisboa: Actual editora, 2006.
BERNS, G. O Iconoclasta. Rio de Janeiro: Best-seller, 2009.
IRIGARAY, H. A.; VIANNA, A.; NASSER, J. E.; LIMA, L. P. M., Gestão e Desenvolvimento de Produtos e Marcas.Rio de Janeiro: FGV, 2008.
HARGADON, A. SUTTON, R. J. Como construir uma fábrica de inovação. O valor da inovação. Rio de Janeiro: Campus, 2005, pp. 63-83.
KIM, W. C.; MAUBORGNE, R. A. Inovação de Valor: a lógica estratégica do alto crescimento.Harvard Business Review. São Paulo: Campus, 2005.
SCHUMPETER, J. Teoria do desenvolvimento econômico: uma investigação sobre lucros, capital, crédito, juro e o ciclo econômico. São Paulo: Abril Cultura, 1982.
TAYLOR, W. C.; LABARRE, P. Inovadores em ação. Rio de Janeiro: Sextante, 2008.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Como a neuroinovação pode ajudar na formação dos inovadores de valor

O mundo corporativo de hoje busca por colaboradores inovadores. O profissional inovador é o grande diferencial do mercado. É o perfil pós-Era da Informação, quando quem detinha informação era a estrela do cenário. Entretanto, o que essas empresas ainda estão por descobrir é que elas podem orientar seus colaboradores a se tornarem inovadores de valor no mercado. Mas não se trata de procurar gênios nos laboratórios ou no chão da fábrica. Trata-se de um processo de treinamento e gestão para desenvolvimento de inovadores de valor na empresa, totalmente baseado nos processos cerebrais de cada profissional. Graças às novas descobertas da neurociência e à importância mercadológica da inovação, surgiu a Neuroinovação, que é a maneira mais eficaz de estudar o processo de inovação empresarial.

O motivo pelo qual as empresas procuram por inovadores nasce daquilo que uma inovação permite à empresa, o ganho por meio da geração de vantagens competitivas no mercado. Isso acontece porque uma inovação se baseia na quebra do paradigma existente, portanto, gerando uma ruptura com os padrões existentes.

Neste contexto, alguns profissionais têm recebido destaque pela criação de produtos, marcas e negócios excepcionalmente rentáveis, fazendo de suas empresas, as empresas vencedoras no mercado, o que faz com que tais profissionais sejam cobiçados como verdadeiras joias preciosas.

Existe uma incapacidade sistemática que a maioria dos profissionais de mercado tem de gerar valor por meio de inovações. Na literatura existem basicamente três razões que impedem um profissional de se tornar um inovador de valor:
•a forma como esse profissional percebe as coisas ao seu redor,
•o controle do medo e
•a inteligência social.

Apesar de transmitir uma imagem de gênio solitário, um inovador é fruto do equilíbrio entre a percepção que ele tem do mundo, do controle do medo e de sua inteligência social. Sem essa combinação, uma pessoa não pode ser considerada um inovador de valor. Portando, não basta ficar enfurnado em um laboratório criando “bugigangas” tecnológicas. É necessário controlar o medo de enfrentar o público e fazer com que as novidades cheguem ao conhecimento das pessoas certas para a realização da inovação no mercado.

Mais uma vez, vale lembrar, trata-se de uma tarefa tortuosa. Porém, existe uma disciplina que se candidata a ajudar profissionais das mais diversas áreas a se tornarem inovadores de valor: a neuroinovação, que se propõe a estudar o processo cerebral e desvendar os mistérios paralelos ao desenvolvimento de inovações. Mais que isso, as técnicas da neuroinovação têm sido aplicadas com sucesso por empresas de vários segmentos.

Não é necessário substituir a equipe. O processo de interferência no ambiente de trabalho tira os colaboradores da zona de conforto. Sem a segurança do cotidiano, as pessoas perdem referências e se desarmam por não saberem como agir em um novo cenário desconhecido. Isso porque ocorre a ativação da área do cérebro relacionada ao medo (amígdala). Agora, é possível iniciar o processo de desenvolvimento de inovadores. Nessa etapa, o profissional é submetido a estímulos que objetivam criar novas sinapses (conexões cerebrais onde ocorre a comunicação entre neurônios) no cérebro – isso faz com que a percepção e o controle do medo e até a inteligência social sejam alteradas para melhor em termos de geração de inovações na empresa. É possível monitorar, com ajuda de aparelhos de última geração para o estudo do cérebro e do comportamento humano os pontos essenciais da interação entre o profissional e esses estímulos que fazem com que a pessoa seja capaz de apurar suas habilidades para a inovação empresarial.

Dia dos Namorados e o neuromarketing

Dia dos Namorados se aproxima e o Brasil se pergunta: o que dar de presente? Sempre fui ruim em escolher presentes nesta data e todo ano minha esposa paga por um “crime que não cometeu”. Então decidi investigar as causas desse meu problema.

Por que presenteamos no Dia dos Namorados? O que de fato é necessário saber são os motivos que nos fazem sentir obrigados a dar o presente. Em literatura sobre neurociência, psicologia e comportamento humano encontrei respostas.

Um economista responderia que compramos porque é uma data comercial e se a economia vai bem, então o consumidor optará por um produto específico. Apesar de ser uma hipótese interessante, não corresponde à realidade. Talvez por isso muitas lojas de presentes não consigam ficar mais de um ano nos shoppings e galerias de todo o Brasil.

Claro que preço e meios de pagamento impactam na escolha, mas queremos saber de que forma isso acontece. Teoricamente, a classe mais desprovida deveria otimizar comprando bens essenciais a preços mais baixos. Mas percebo que há alguma coisa errada, a menos que o iphone tenha entrado para a cesta básica.

Contrato social não se mistura com economia. Quando realizamos um ato econômico trabalhando durante 8h com intervalo de 2h para almoço, estamos em estado de trabalho. Quando doamos algo, por exemplo, 8h de trabalho comunitário sem intervalo para almoço, trabalhamos de forma entusiasmada e apenas esperamos gratidão – isso é contrato social. As pessoas se sujeitam a situações no contrato social que jamais se sujeitariam na vida econômica. Presentear namorado é contrato social.

Mas ainda não estava satisfeito. Recorri aos livros de neurociência que ganhei no Dia dos Namorados ano passado. Sim, ao contrário de mim, minha esposa sabe presentear.

Quando damos ou recebemos um presente, são ativados o núcleo accumbens e a ínsula, regiões primitivas do cérebro correlacionadas ao sistema de recompensa cerebral. Essa é uma razão forte para que sejamos levados a presentear a pessoa amada. Pois a ativação dessas áreas representa a criação, mesmo que de forma inconsciente, de expectativas com relação ao comportamento da outra pessoa.

Depois de ver que nosso comportamento é um processo químico que acontece no cérebro, fica claro que o segredo de presentear é prestar atenção ao sistema de recompensa cerebral. Ora! Quando nos relacionamos com alguém sempre esperamos algo em troca, seja gratidão, carinho, dinheiro, companhia, entre outras formas de recompensa. É bom lembrar que o cérebro não diferencia comida, sexo, dinheiro. O que importa é ser recompensado.

Já tenho a resposta da segunda questão que era saber por que damos presentes: é que esperamos algum tipo de recompensa, não importando qual seja. Mas falta saber qual presente comprar. Fiz como manda o figurino, avaliei as variáveis envolvidas na decisão, afinal sou economista, considerei o contexto, e logo percebi que seria importante ficar atento às emoções que envolvem o ato de dar o presente.

Logicamente, para gerenciar o sistema de recompensa de minha esposa, minha missão seria evitar sentimentos como tristeza, raiva, medo, nojo, desprezo e surpresa negativa. E ampliar o quanto possível as chances de que o sentimento seja o de alegria ou de surpresa positiva. Optei por algo que a deixasse feliz.

Em contrapartida, sei que ao entrar em um shopping ou no site de compras, a empresa trabalha o medo, fazendo com que o consumidor se sinta mal por não comprar um presente especial (que por acaso é o que eles estão oferecendo). Deve-se tomar a decisão antes de entrar na loja ou site.

Pois bem, decidida a ação de compra. Pensei: mas o que vou comprar para deixá-la feliz? Primeira coisa a ser feita é saber como está a expectativa da pessoa em relação ao Dia dos Namorados. Não se enganem, a expectativa sempre existirá, o que pode mudar é o grau de expectativa. Decidi: assim que chegar em casa vou conversar com ela e tentar perceber como está a expectativa.

Fiz uma avaliação e constatei que se pudesse, daria o mundo. Mas não posso, e ninguém pode. Bom lembrar que o cérebro percebe facilmente emoções verdadeiras, ela ou ele saberão se suas emoções são verdadeiras neste dia tão especial.

A dica é: dê um pouco mais do que o esperado. Não tem erro, ele ou ela ficará contente e assim você também deixa margem para melhorar na próxima vez. Ah! Já ia esquecendo, decidi que vou comprar uma batedeira de massas para bolo para minha esposa, pois ela ama fazer novas receitas. Ela vai adorar, vamos comer bolos deliciosos. Mas, o mais importante, vou desmarcar os compromissos do fim de semana para lhe dar total atenção. E por favor, não contem nada a ela para não estragar a surpresa.

Feliz dia dos namorados!